Sua meta é sua ou dos outros?
Final do ano chegando e eu já estou sentindo o cheiro das listas de metas para o próximo ano. Resolvi escrever um artigo baseado nessa temática e como sempre, baseada em fatos reais.
Essa época é bem propensa para uma revisão dos nossos realizados deste ano ou das novas ambições para o próximo ciclo que iniciará em breve. Temos diversas metodologias que incentivam a estrutura de metas: SMART, painel dos sonhos, cronogramas e entre outros. Nesse artigo não irei me ater a elas, e sim, em fazer um questionamento que traga reflexão para você: Sua meta é sua ou dos outros?
Estive pensando sobre isso nos últimos meses. Ando em um processo profundo de autoavaliação das minhas atitudes e resultados. Tomei algumas decisões importantes neste ano que me desprenderam de certos padrões e questões.
Sei que a maior parte das pessoas sequer conseguem parar para pensar sobre si, então o meu objetivo aqui é trazer esse primeiro degrau de consciência.
Voltando ao assunto, pensar se as suas metas são suas mesmo ou dos outros envolve avaliar o real sentindo das suas ações. Em um mundo repleto de estímulos, estar ciente disso é extremamente necessário.
Para quem acompanha as minhas redes sociais, percebeu que eu estive focada em um desafio um tanto quando peculiar. Uma das metas que eu havia traçado para esse ano seria realizar 10 flexões. Sabe aquelas de braço? Essas mesmo!
Que meta mais maluca é essa Mikarla? Pois é! Aqui já começamos a entrar na minha própria experiência com o tema desse artigo.
Há algum tempo, eu venho negociando comigo mesma, após passar por um processo doloroso de saúde em 2019, que eu evitaria entrar em todos os tipos de competições. Isso envolve lidar com as autocobranças daquelas que por vezes fazemos de que precisamos ser melhores que a própria mulher maravilha ou qualquer outro super-herói e super-heroína.
Um exemplo disso é que sou praticante da modalidade Crossfit há três anos, um esporte por si só competitivo. Uma das metas que eu coloquei após esse episódio de 2019 foi evitar me comparar com as pessoas ao meu redor.
Isso é bastante difícil e de novo envolve um autoconhecimento profundo. É uma linha muito tênue entre você conseguir chegar a sua melhor versão e ficar na mediocridade. Por isso, o que quero trazer de reflexão aqui é: até que ponto você faz o que faz por você mesmo ou pelos outros?
Isso não significa se limitar. Significa entender os seus porquês e para qual finalidade.
A razão dessa meta da flexão de braço vem lá dos primórdios da minha infância, onde existia um “abençoado” brinquedo que você precisava se pendurar e ir avançando pendurado de um braço a outro até chegar à outra ponta. Imagem abaixo:
Eu nunca consegui sequer me segurar suspensa nessa parada. Além disso, eu comentava que se fosse necessário, em algum momento da minha vida, ficar pendurada como nos filmes do 007 ou Missão Impossível, eu de fato estaria em “maus lençóis”. Adeus protagonista (rsrsrsrs).
Veja um ponto importante: essa meta (da flexão) contribui para o exercício da modalidade de Crossfit? Sim! Mas a real finalidade de cumprir essa meta não foi porque meus coleguinhas conseguiam e eu não. Essa meta me resgatou a algo profundo, que para mim era um grande limitador desde a infância. Por isso eu resolvi superar!
Aqui vai entrar outra questão ainda mais importante: todo mundo vai dizer que você precisa ser o melhor em tudo o que fizer. Mas essas coisas de fato são importantes para você? Elas envolvem coisas que você quer superar? E se sim, para provar para você mesmo ou para a sociedade no geral?
Esses tempos eu desisti de uma competição no Crossfit. Meus colegas estavam contando comigo para essa missão e eu tinha a maior parte dos recursos para participar.
A sociedade dizia: vamos lá! Dê o seu sangue e seu suor. Prove que você é capaz! Mire no pódio e seja a melhor!
O meu eu dizia: “você já está focada neste momento em seu trabalho. Essa época é muito importante para você. Muitos treinamentos e palestras. Você também já está focada em sua pós-graduação e na melhoria de sua alimentação” (que para mim está sendo outro processo intenso e desafiador – pauta essa de um próximo artigo). “Não se esqueça dos dois capítulos que você ainda terá que escrever para dois novos livros”.
Tá aí mais uma coisa que as pessoas precisam aprender sobre as metas. Eu digo para os meus mentorados que ninguém precisa ser 10 em tudo e que devemos escolher as nossas batalhas. O Crossfit por si só tem cerca de 9 exercícios padrões, será mesmo que eu preciso ser boa em todos de uma vez só?
Outra coisa que eu costumo dizer para os meus mentorados é que não precisamos pular etapas. O processo é feito de um degrau por vez. Trago aqui o exemplo da minha própria empresa. Eu tive em muitos momentos propostas para pular 3, 4 até 6 degraus (essa escala é minha própria escala de processos – eu iniciei ela junto com a minha empresa ao montar o planejamento dela). Recusei eles por conta de entender que estavam fora da minha capacidade de entrega naquele momento. Eu tentaria ser a melhor, mas naquele momento isso poderia ser um peso estressor para mim.
Eu me preocupo em todos os dias realizar ações que me levem aos meus objetivos de vida e carreira. Porém, não me preocupo nem um pouco em dar um passo maior do que minhas pernas, como já diria o ditado. Aqui em casa agora estou organizando um espaço por semana e não me preocupando mais com a casa inteira simultaneamente.
De novo, reitero que só chegaremos nesse nível de maturidade de decisão quanto mais exercitarmos o autoconhecimento. Não tente fazer isso sempre sozinho. Busque ajuda de um mentor para te amparar (isso envolve profissionais, amigos, família, professores, psicólogos, terapeutas e etc).
O artigo já virou praticamente um livro, então vamos às mensagens finais:
- Trace seus objetivos, só que dessa lista eleja no máximo três para o próximo ano. Lembre-se que nosso cérebro precisa de foco e que a palavra prioridade no plural está errada;
- Avalie se você está fazendo isso por você ou pelos outros. E independente da sua decisão, essa será a sua batalha;
- Avalie os passos/degraus que precisará dar para chegar a eles (isso são as metas – elas são quantificáveis e dizem respeito ao que você precisará fazer para chegar lá);
- Se certifique todos os dias que está fazendo algo por isso. Pequenas ações e não pulo dos degraus. 1% que você fizer fará uma baita diferença. Ah, e isso envolve descanso e pausas ok?
- Reflita sempre: estou na minha zona de conforto ou no extremo de um desafio que vai me estressar e me desgastar? Essa linha é tênue e você precisa aprender a trabalhar nesse equilíbrio.
Conquistadas as flexões, poderei passar para a próxima etapa do meu desafio em melhorar um próximo movimento que contribuirá também para a minha prática esportiva. Esse ainda terá relação a ficar pendurada (rsrsrs) e será realizado nas horas vagas.
Para terminar, tem uma frase na parede do meu escritório ao lado da minha logo, onde meus olhos todos os dias se fixam por alguns minutos: Seja você. Por você. Para você.
Espero que esse artigo sirva de inspiração.
Nos vemos na próxima!
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